o último adeus à plíngua

Sinuhe LP

Como uma língua morre? Atrás dela, estavam duas décadas: desde a última vez que se viram, quatro adolescentes juraram um pacto: pa partir pde phoje, pfalaremos pcom pa plíngua pdo P por papenas pvinte panos. O P foi linguagem de todo dia: hábito e tradição. Não se vigiavam: a amizade esbanjava confiança. Cada P anterior a toda palavra pronunciada lembrava o amor entre eles. Diariamente. O amor entre as palavras, o amor em pronúncia. Em vinte anos, uma língua respira e uma árvore cresce. E tudo que o P antecedeu, cresceu. Destacaram-se nos projetos. Formaram pares e primogênitos. E naquela tarde do reencontro, a língua morreu. E ninguém nunca mais ouviu falar dela. Edro, Aulo, Âmela e Aloma artiram ara osteridade, recavendo-se elo acto: roteção ara ronunciar alavras.

Ilustração de Ana Zequin